quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Moda | A minha experiência num casting


Devia ter os meus 11/12 anos quando, à saída da escola, vieram falar comigo pela primeira vez. Eram duas senhoras muito chatinhas que me disseram ser de uma agência de modelos e que gostavam muito que eu fosse a um casting. Descartei-as rapidamente, porque já sabia que os meus pais não iam achar muita piada à ideia, mas, quando lhes contei o sucedido, disseram-me que não viam mal nenhum na ideia e que até podia ser engraçado. 

Uns tempos depois, voltei a ser abordada à porta da escola, desta vez por um homem e uma mulher. Deixei que ficassem com os meus dados e, passado uns meses, ligaram para a minha mãe a marcar o casting com a diretora da agência (cujo nome não me recordo).



No dia do casting (ao qual compareci na presença fui dos meus pais e da minha irmã), fiquei tão, mas tão intimidada com a senhora, que me apetecia sair do escritório a correr. Perguntou-me se era boa aluna, o que é que eu gostava de fazer, porque é que tinha ido ali e depois pesou-me, mediu-me e pediu-me para lhe mostrar algumas fotografias minhas. Logo naquele dia em que tinha esticado o cabelo para ficar mais bonita, disse-me que me ficava muito melhor o cabelo naturalmente encaracolado e, quando me pediu para lhe mostrar as unhas, quase morri de vergonha porque me tinha esquecido de tirar os restos de verniz de há uma semana.

Apesar de tudo, pareceu gostar de mim mas, ao passar pelo álbum das caras que por lá andavam como eu poderia vir a andar, logo percebi que gostava de qualquer uma que lhe desse mais uns trocos. A verdade é que maior parte das "modelos" não era mesmo nada de especial, para não dizer pior. Percebi logo que a "avaliação de potencial" era uma grande treta. Isso e o facto de ser obrigatória a realização de um book e o pagamento de algo que rodava os 500 euros pelas aulas de passerelle, pose, entre outras, levaram os meus pais a recusar a "oferta" e eu própria perdi todo o entusiasmo. Não era, de todo, o fim que eu esperava para a minha curta carreira de modelo e saí de lá super desiludida.

Depois disso, já fui abordada mais duas vezes na rua, mas agora nem sequer deixo que se apresentem e faço com que entendam rapidamente que não estou interessada. Já me apeteceu reclamar com alguns caça-talentos bem chatinhos. Sei perfeitamente que com 1,65m e esta pele horrorosa não vou a lado nenhum neste mundo e não estou para pedir tanto dinheiro aos meus pais por um hobbie deste tipo, sem qualquer futuro (nem eles compactuariam com tal coisa). Fico-me por ver desfiles e desejar as roupas.

2 comentários:

  1. há uns quatro anos atrás estava num concerto com uma amiga minha e ela foi abordada por uma agência. essa minha amiga agora faz fashion weeks, é exclusiva de algumas marcas, já fez um catálogo para a moschino e foi capa da GQ o mês passado. o que é preciso é sorte na agência

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  2. Sobre o comentário anterior, acho que mais do que sorte na agência, é também ter-se noção daquilo que se procura numa modelo ou aquilo que, pelo menos esteriotipicamente falando, é preciso para ser uma modelo (altura, medidas, etc).
    Por exemplo, sei de pessoas agenciadas (não sei se é assim que se diz) que têm pouco mais que 1m50 e convenhamos, é preciso ter a noção de que com esta altura é altamente improvável vir a suceder no mundo da moda e há que se ter essa noção

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